Desconstrua



"Desconstrua
Olhos letárgicos acompanham farrapos humanos (que murmuram frases desconexas)...
Comandam desmerecidamente sua mórbida marcha.
Dia após dia salvadores emergem dos esgotos.

A violeta que colocaram na minha orelha apodreceu,
Mas as abelhas ainda a visitam.
Às vezes foram as fezes das vozes que enganariam o mundo.

Quando pequeno era mais doido que hoje:
Realmente detestava quando desfaziam ou quebravam alguma "obra de arte", "robô" ou "avião" 
Que fazia com blocos de montar, prendedores de roupa ou sucata...
Quando desfaziam eu fazia questão de reconstruir e tornar melhor;
Quando quebravam, só me restava fazer o máximo possível com o que havia restado.

Quando se destrói algo,  parte da matéria-prima se esvai. Perdem-se grandes chances:
É melhor teu inimigo virar teu amigo do que virar mais um caixão para carregar.
Para quê sujar as mãos com sangue, se são igualmente ávidas para o trabalho?
Quando se desconstrói os tijolos voltam todos à mão; 
E não atiramos nas desvirginadas. Nem quem tem outra cor. Nem quem ama alguém de corpo parecido.
Nós reconstruímos o mundo! 

Não há problema em ser ovelha de um pastor "humilde", em prol da "vida". 
O problema é quando o barulho do helicóptero deste abafar o ronco da barriga.
O problema é quando nossas violetas apodrecerem e atirarmos pedras nos nossos iguais (ditos diferentes)

Há quem queira reverberar algarismo grego (mi, mi, mi).
Pobres ovelhas antiquadas! O tempo encarregar-se-á do abate.
Porque a ovelha que pula o muro conhece o mundo todo. E muda este."
Alexandre Mendonça

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