Uma cidade normal

              "Uma cidade normal

Coloria o meio fio da calçada de rosa e verde com chicletes que mascamos
E tropecei. Tropecei na incerteza daquele amor.
Parece besteira, mas mesmo nossas mãos estando suadas, eu não queria te soltar,
Mesmo você apertando minha mão como quem procurava abrigo no coração de alguém,
E ainda que estivéssemos sorrindo de orelha a orelha,
Você estava de mudança.
Não que um mato grosso pudesse apartar seus olhos (doces e azedos) de ameixa.
Não é disso que meu coração se queixa. 
Meu amor é pássaro grande, que atravessa a Mata Atlântica e o Cerrado.
Menos se cerrado for aquele barbante que amarramos em nossos dedos indicadores para nunca nos perdermos um do outro.
"Caminho da felicidade". Lembra? É aquele caminho onde você começa num buraco raso e pode escolher descer ou subir, e, de qualquer jeito, fica feliz. É, estou falando sim daqueles pelinhos da minha barriga. Não tirava na época, tinha pouco. Uns vão achar estranho, mas eu dou risada disso até hoje. Mesmo sem você saber. 

Que se danem as roupas sujas de amora. Foi uma briga gostosa.
"Arruma pra mim uma camisa sua" (pra eu nunca mais devolver e ter seu cheiro sempre comigo)
Disseram pra mim que pueril é pior que senil porque ninguém morre. Sei lá...
Meu coração só se queixa da sua deixa. "


Alexandre Mendonça


     Mais um poema que encontrei. De repente posto os outros que estavam perdidos num caderno de 2011. Caso queira, ouça o poema aqui. Eu curto lembrar ideias e histórias antigas (e tempestades no copo d'água). Talvez o leitor, secretamente, tenha o mesmo pensamento. Vemos o quanto mudamos. O passado contrasta com o presente e lhe dá uma injeção de ânimo. Vale sempre o jargão: estamos vivos, basta agora vivermos.






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