Aprendendo um pouco de poesia

    Esse é um post para consulta, qualquer dúvida que aparecer pode perguntar que se eu souber ajudar, ajudo! Se não souber, procuramos juntos. Tudo aqui fui eu que escrevi, sem copiar de nenhum lugar. Minha fonte é a minha pequena experiência com a arte e de conversas com professores de gramática, literatura, redação e até escritores. Aproveita aí, pode até estudar. Só dê os devidos créditos se for compartilhar com os amigos!



Contagem de sílabas poéticas
 
    As sílabas poéticas são contadas desde a primeira sílaba da primeira palavra de cada verso até a sílaba tônica da última palavra do verso. As sílabas que sobrarem (o que ocorre quando essa palavra não é oxítona) não participam da contagem de sílabas poéticas. Cada elisão é contada como uma única sílaba poética.

Elisão
    
    Um poeta pode contrair duas (e muito raramente até mais) sílabas num poema, visando atingir o número de sílabas poéticas que ele deseja ou ensejando uma sonoridade diferente ao poema. Essa contração ocorre, na maioria das vezes, apenas na fala. Exemplo: "Minha alma chora" pode ser lido juntando o "nha" com o "al" ficando assim: "Minh'alma chora". Existem poemas que, ao invés de deixar a elisão ocorrer apenas na sonoridade, preferem escrever já a forma contraída (como se pronuncia), como: "a gota d'água" "parte d'ouro" etc. Nenhuma das duas formas está errada e em ambos os casos a contagem de sílabas poéticas é a mesma. Acompanhe a escansão do exemplo:" Mi/nhaal/ma/cho/ra. " (elisão apenas na fala) e "Mi/nh'al/ma/cho/ra". Em ambos os caso temos quatro sílabas poéticas (seis sílabas no total, há uma elisão, em que duas sílabas são lidas e contadas como uma e também a última palavra, que é "chora", é paroxítona e tem sua sílaba tônica em "cho".Logo, "ra" não vai para a contagem de sílabas poéticas). Vale frisar que elisões ocorrem com o final de uma palavra contraindo com a outra, unindo sempre duas vogais (que na maioria das vezes é a mesma vogal, mas nem sempre). Quando uno algo diferente, como vogal com consoante ou consoante com consoante posso vir a criar um neologismo, como "trabalhador chega em casa mortododia" (juntei morto com todo com dia). Isso não é uma elisão, e sim simplesmente um neologismo. Obs: elisão não tem nada a ver com assonância ou aliteração, que explicarei no final.
     Obs: a rigor, elisão tem uma definição mais específica e, inclusive, muito mais exclusiva. Isso significa que eu generalizei a ideia da junção de sons, porque o intuito é dar uma ideia do assunto. Se quiser realmente saber rigorosamente sobre este assunto pesquise sobre "alterações fonéticas na poesia: elipse, ectlipse, sinalefa...". O buraco é mais embaixo... Ou mais parnasiano.

Rimas

    É quando duas palavras têm terminações iguais. No geral cada uma está no final de um verso diferente, entretanto há rimas com palavras no mesmo verso e até palavras que rimam em versos diferentes mas estão no meio dos mesmos. Outra coisa: a rima não tem nada a ver com a contagem de sílabas poéticas. A contagem pode até terminar e sobrarem sílabas, o que vai contar para a rima é o final da palavra. No geral "final da palavra" pode ser entendido como última sílaba, mas há poemas que rimam nas duas ou até três últimas rimas das palavras.  

Rima interpolada(entre pólos): ABBA, ABBBA, ABCCBA...
Rima enlaçada(cruzada):ABABAB...
Rima rica: rima com palavras de classes gramaticais diferentes, como "entenda" e "lenda" (verbo com substantivo)

Versos

Verso redondilho menor: verso com cinco sílabas poéticas
Verso redondilho maior: verso com sete sílabas poéticas
Versos brancos: versos sem rimas
Verso decassílabo: verso com dez sílabas poéticas
Verso alexandrino(dodecassílabo): verso com doze sílabas poéticas

Principais grupos de versos

Dístico: grupo (que não necessariamente precisa ser uma estrofe) de dois versos
Terceto: igual ao dístico, mas com 3 versos
Quarteto:igual ao dístico, mas com 4 versos

Principais formatos de poema

Soneto: formato de poema que compreende 14 versos, que geralmente são decassílabos ou dodecassílabos. Quanto a rima, há uma liberdade imensa ao poeta, mas existem tipos mais usados devido a uma sonoridade mais agradável. O mais usado no Brasil e em Portugal é o modelo italiano ou petrarquiano (devido ao poeta ítalo Petrarca) dividida em dois quartetos e dois tercetos, em que a rima é interpolada nos quartetos e enlaçada nos tercetos. Obs: há outros tipos, como o inglês ou shakespeariano, que termina num dístico com versos que rimam. O soneto é um dos formatos mais famosos de poema, aparecendo em todos os períodos literários desde o Classicismo, até hoje. Vale ressaltar que no Classicismo ele era decassílabo e no Parnasianismo, por exemplo, era comum encontrá-lo em versos alexandrinos.

Trova: poema com quatro versos, no geral com versos redondilho maior ou menor. A rima é, na maioria das vezes, enlaçada. A trova é bem comum na época do Trovadorismo.

Oitava-rima: poema com oito versos decassílabos, em que os seis primeiros versos encontram-se em rima enlaçada e os dois últimos, um dístico, tem versos que rimam entre si. A oitava-rima é bem comum da época do Classicismo.

Assonância
    
    É a repetição de um som vocálico (de vogal) num poema ou texto. Exemplo "Anta andou anonimamente a nora" Veja que temos quatro vezes o som "an" (três estão fácil de perceber, o último é que quando se fala rápido se junta o artigo "a" com "n" de nora. O fonema pode estar em palavras diferentes e não necessariamente está no final ou no começo, podendo também estar no meio das palavras. 

Aliteração
    É a repetição de um som consonantal (de consoante) num poema ou texto. Exemplo "Melei o melado meladinho e meladão". Há uma repetição do fonema "me" e "la". O fonema pode estar em palavras diferentes e não necessariamente está no final ou no começo, podendo também estar no meio das palavras. 

Licença Poética
    O poeta pode criar palavras e expressões e também fazer vista grossa para desde algumas regras da gramática  até alguns conceitos dos bons costumes e da moral. Tudo isso porque para analisar poemas devemos partir do pressuposto que poesia também é uma arte, assim como o teatro, a música, o cinema, pinturas, desenhos, esculturas, etc. e deve possuir as suas verdades próprias.


ALEXANDRE MENDONÇA






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